Livro de estreia de Clara Corleone é editado pela Zouk e selo Casa da Mãe Joanna
Porto Alegre, 17 de setembro de 2019 – Na quinta-feira, 03 de outubro, às 19 horas, ocorre no Von Teese Bar o lançamento do livro de estreia de Clara Corleone, o homem infelizmente tem que acabar – crônicas, deboches e poéticas, da Editora Zouk e selo Casa da Mãe Joanna.
A atriz e escritora, figura conhecida na cena cultural porto-alegrense, começou a publicar seus textos em redes sociais há sete anos. A seleção das publicações, assinada por Joanna Burigo, editora do livro, traz escritos de 2014 até este ano. Além de escrever, desde 2017 Clara comanda um sarau literário com seu nome, onde reúne artistas, jornalistas e outros escritores mensalmente.
“Clara não tem medo de se expor. E o faz de forma bem-humorada e despretensiosa, sem a arrogância de quem, com isso, pretende ensinar um jeito certo de viver, de se comportar. Quem passar os olhos em suas histórias logo concluirá que está diante de uma mulher segura, bem resolvida, destemida”, revela a cientista social e jornalista Mariana Varella, que assina a orelha da publicação.
O homem infelizmente tem que acabar – crônicas, deboches e poéticas surge no coração do Bom Fim de Porto Alegre, e não é tresloucado sugerir que o Bom Fim está para a voz de Clara Corleone como New York está para a de Carrie Bradshaw, como afirma Joanna. “São duas mulheres brancas, cis e heterossexuais, que falam de amor e sexo e todo o resto, a partir de regiões afluentes dos EUA e da capital gaúcha. Aqui, no entanto, o glamour caro dos cupcakes e compras é substituído por muita luta e litrão no boteco. O bairro, efervescente e famoso por ser abrigo festivo da contracultura da cidade, é zona e personagem central das aventuras que compõem este texto, que evoca um regionalismo bastante diferente do tradicionalismo machista e racista gaúcho. Onde Carrie é fabulosamente fictícia e machismo parece ser coisa do passado, Clara existe numa realidade patriarcal da qual produz outro tipo de fabulosidade”.
Feminismo nos dias de hoje, histórias cotidianas, humor, amor, paixões: “as estórias de Clara vêm de suas próprias histórias, e ao contá-las ela faz uma inversão potente da narração pós-feminista característica de tantos produtos culturais em que protagonistas discorrem sobre amor e sexo e todo o resto. Se neles é típico retratar a vida de solteira como trágica e solitária, na versão de Clara não há busca pelo homem certo, ela já é certa de si. Se neles é típico eclipsar os termos do feminismo e tratar o movimento como redundante, na versão de Clara urge a busca por equidade. Se neles é típico celebrar a força das mulheres ridicularizando a masculinidade branca, cis e heterossexual, na versão de Clara o emprego satírico de retórica misândrica serve como ferramenta educativa e de redenção”, conta a editora.
A publicação, com 248 páginas, está em pré-venda pelo site da editora, com opção de retirada no lançamento ou envio a partir de 04/10 por R$ 39,60: http://www.editorazouk.com.br/pd-6c071b-o-homem-infelizmente-tem-que-acabar.html?ct=&p=1&s=1. O livro estará à venda no local do evento pelo valor de R$ 44,00.
Para mais informações, acesse: http://www.editorazouk.com.br/ | facebook.com/claracorleone . O Von Teese Bar fica na Rua Bento Figueiredo, 32.
Lançamento o homem infelizmente tem que acabar – crônicas, deboches e poéticas, de Clara Corleone
03 de outubro, quinta-feira, 19h, no Von Teese Bar – Rua Bento Figueiredo, 32
Entrada Franca.
Livro – Pré-venda – R$ 39,60 | No dia do evento – R$ 44,00
http://www.editorazouk.com.br/pd-6c071b-o-homem-infelizmente-tem-que-acabar.html?ct=&p=1&s=1.
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Clara Corleone é atriz e escritora. Já teve textos publicados no jornal Zero Hora, site Lugar de Mulher e Revista do Beco. Desde 2017 comanda um sarau literário com seu nome que ocorre mensalmente em Porto Alegre, reunindo artistas, jornalistas e outros escritores. Divide seu tempo como produtora no estúdio Otto Desenhos Animados, a ONG Minha Porto Alegre e como hostess do Bar Ocidente. Mora no Bom Fim, com duas cachorrinhas e uma gata. “o homem infelizmente tem que acabar – crônicas, deboches e poéticas” é seu primeiro livro.
o homem infelizmente tem que acabar – crônicas, deboches e poéticas
Autora: Clara Corleone
Editora Zouk | Casa da Mãe Joanna
Literatura Brasileira/Crônicas
ISBN: 9788580490886
Tamanho: 14x21cm
Número de páginas 248
Preço: R$ 44,00
Encadernação: Brochura
Sinopse: Clara Corleone não tem medo de se expor. E o faz de forma bem-humorada e despretensiosa, sem a arrogância de quem, com isso, pretende ensinar um jeito certo de viver, de se comportar. Quem passar os olhos em suas histórias logo concluirá que está diante de uma mulher segura, bem resolvida, destemida.
O homem infelizmente tem que acabar – crônicas, deboches e poéticas surge no coração do Bom Fim de Porto Alegre, e não é tresloucado sugerir que o Bom Fim está para a voz de Clara Corleone como New York está para a de Carrie Bradshaw. São duas mulheres brancas, cis e heterossexuais, que falam de amor e sexo e todo o resto, a partir de regiões afluentes dos EUA e da capital gaúcha. Aqui, no entanto, o glamour caro dos cupcakes e compras é substituído por muita luta e litrão no boteco. O bairro, efervescente e famoso por ser abrigo festivo da contracultura da cidade, é zona e personagem central das aventuras que compõem este texto, que evoca um regionalismo bastante diferente do tradicionalismo machista e racista gaúcho. Onde Carrie é fabulosamente fictícia e machismo parece ser coisa do passado, Clara existe numa realidade patriarcal da qual produz outro tipo de fabulosidade.
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Clara Corleone não tem medo de se expor. E o faz de forma bem-humorada e despretensiosa, sem a arrogância de quem, com isso, pretende ensinar um jeito certo de viver, de se comportar. Quem passar os olhos em suas histórias logo concluirá que está diante de uma mulher segura, bem resolvida, destemida. De fato, Clara é um tanto assim, mas como quase sempre ocorre com os olhares superficiais, apenas percorrer seus escritos não é o suficiente para captar toda a subjetividade da autora. Para entender Clara, é preciso caminhar a seu lado pelo percurso que ela desenhou.
Sentir palpitar o coração da menina que sofreu abuso aos 6 anos, provar a rejeição da adolescente que se achava feia e desenvolveu distúrbio alimentar para se enquadrar em um padrão de beleza que nunca alcançaria, afundar com a moça que se casou com um ideal romântico na cabeça e precisou romper com o casamento para não se separar de si mesma.
Muitos livros nos fazem sentir a consternação de ser mulher. Porque nas histórias, as aventuras e a emoção em geral cabem aos homens; a nós, mulheres, resta a tristeza das peripécias não vividas, a sensação de que podíamos mais, muito mais. Quando a gente lê as histórias da Clara, no entanto, ocorre o oposto: ficamos com vontade de ser mulher. E isso não é pouco.
Mariana Varella
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Conheci as crônicas, deboches e poéticas de Clara Corleone antes de conhecer a Corle – o que aconteceu na porta do “Oci”, e também antes deste livro ser um projeto, mas esse é um dos muitos causos que ela conta melhor do que eu poderia. Palavras muito me interessam, e a forma como Clara as arranja para contar histórias diretamente do coração do Bom Fim de Porto Alegre – de onde ela é, e onde hoje moro – resulta numa refrescante celebração das vidas e vivências de uma feminista.
Não é tresloucado sugerir que o Bom Fim está para a voz de Clara Corleone como New York está para a de Carrie Bradshaw. São duas mulheres brancas, cis e heterossexuais, que falam de amor e sexo e todo o resto, a partir de regiões afluentes dos EUA e da capital gaúcha. Aqui, no entanto, o glamour caro dos cupcakes e compras é substituído por muita luta e litrão no boteco. O bairro, efervescente e famoso por ser abrigo festivo da contracultura da cidade, é zona e personagem central das aventuras que compõem este texto, que evoca um regionalismo bastante diferente do tradicionalismo machista e racista gaúcho. Onde Carrie é fabulosamente fictícia e machismo parece ser coisa do passado, Clara existe numa realidade patriarcal da qual produz outro tipo de fabulosidade.
As estórias de Clara vêm de suas próprias histórias, e ao contá-las ela faz uma inversão potente da narração pós-feminista característica de tantos produtos culturais em que protagonistas discorrem sobre amor e sexo e todo o resto. Se neles é típico retratar a vida de solteira como trágica e solitária, na versão de Clara não há busca pelo homem certo, ela já é certa de si. Se neles é típico eclipsar os termos do feminismo e tratar o movimento como redundante, na versão de Clara urge a busca por equidade. Se neles é típico celebrar a força das mulheres ridicularizando a masculinidade branca, cis e heterossexual, na versão de Clara o emprego satírico de retórica misândrica serve como ferramenta educativa e de redenção.
Talvez acidentalmente, mas não coincidentemente, Corle tem como marca de sua prática de vida algo que também caracteriza o feminismo: existir sob a noção radical de que mulheres são pessoas, para usar a ironia cáustica da famosa citação de Marie Shear. Feminismo, neste livro, não é contexto nem personagem, mas uma afiada lente e um potente megafone através dos quais Corleone escolhe se avaliar e apresentar. Mas ela rememora sua audiência: antes de feminista, é sujeito, pessoa, mulher. Enxergando e apontando o caráter hierárquico e opressor da ordem patriarcal de gênero, Clara autonomamente reivindica a própria humanidade antes de qualquer marcador.
Como tendem a ser os textos feministas, o de Clara disputa a História. O dela, pela escrita de estórias sobre histórias de uma mulher segura e em paz com suas vulnerabilidades, pragmática mas sem medo de render-se ao mistério, cuja prática política é a prática do pessoal. Histórias de uma mulher para quem fundamental, mesmo, é o amor próprio.
Joanna Burigo