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 Exposição com obras de Xadalu fica em cartaz até 08 de março no MACRS

 

O Kino Beat – Arte em Movimento encerra sua sexta edição, iniciada em novembro de 2019, com uma exposição que inaugura na terça, 21 de janeiro, no MACRS. Invasão colonial ‘YVY OPATA’ a terra vai acabar, de Xadalu, estará em cartaz com entrada franca na Galeria Xico Stockinger.

A exposição individual reúne fragmentos de diversas imersões do artista Xadalu em aldeias Guaranis. As obras registram o estado atual em que as aldeias se encontram, os conflitos originados pelas retomadas de suas terras, e as constantes ameaças de grupos armados que intimidam as comunidades tradicionais.

A medida que a cidade cresce geograficamente, a aldeia diminui e automaticamente os sonhos sofrem interferências na transição para outro mundo. “Sendo o único lugar seguro, as cidades celestiais são o local de onde viemos e para onde vamos depois de nossa passagem aqui na terra. Mas a Tekoa continua protegida de alguma maneira por nhanderu, o motivo de nossa resistência há mais de 500 anos. O trovão de tupã lá fora mostra sua força de anunciar o tempo passado que o raio cruzou e já não existe mais, e o sol mostra seus raios e nos permite caminhar sobre eles”, conta o artista, que também é responsável pela curadoria da exposição.

De acordo com o curador do festival, Gabriel Cevallos, o Kino 2019 se desenvolveu a partir de premissas que convidam à reflexão sobre algumas urgências do presente. “Estas ideias iniciais, substituem uma palavra central ou um tema fixo para esta edição, e lançam de forma aberta possibilidades para se sentir o mundo em conjunto – ficção, natureza, percepção, conciliação, território, mutação, esperança, mundos possíveis: estes são alguns dos pontos de partida para se imaginar o 6º Kino Beat”, revela.

“Uma outra forma de se repensar os impactos do colonialismo, é assumir como válido o conhecimento produzido pelos povos originários. Ao atuar como um mensageiro entre dois mundos, o artista visual Xadalu traduz parte deste conhecimento e visão de mundo dos índios Guaranis, em obras de arte. O seu processo de escuta atenta e trabalho compartilhado com as aldeias, ressaltam a sua reverência e urgência em dar visibilidade a este mundo que resiste em existir”, afirma o curador do festival.

O 6º Festival Kino Beat – Arte em Movimento foi selecionado pelo edital de patrocínios culturais incentivados da Oi, conta com o apoio do Oi Futuro e com Financiamento da Lei de Incentivo à Cultura – Pró-Cultura RS –Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Estado do Rio Grande do Sul. A inauguração de Invasão Colonial ‘YVY OPATA’ a terra vai acabar, ocorre às 20h do dia 21 com a participação do Cacique Geral Mburuvixá Tenondé CIRILO. A exposição segue em cartaz até 08 de março.

 

Sobre o artista

Xadalu é artista visual urbano com uma obra que transita entre intervenções nas ruas e exposições em museus, galerias e centros culturais. Sua produção diversificada mescla as colagens da sticker art a técnicas e linguagens como a serigrafia, a pintura, a fotografia e o objeto.

Seu trabalho em street art já foi exibido em mostras coletivas e individuais em instituições de Porto Alegre como Santander Cultural, Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS), Instituto Estadual de Artes Visuais do Rio Grande do Sul (IEAVi), Casa de Cultura Mario Quintana e Museu dos Direitos Humanos do Mercosul. Na Europa, apresentou obras em galerias de Berlim e Florença.

Integra coleções particulares e acervos públicos, como do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) e do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS).

É tema do livro “Xadalu — Movimento urbano”, do curta-metragem “Sticker conection” (2015) e do documentário “Xadalu — Filme” (2017), que retratam a produção iniciada em 2004 com as primeiras colagens do indiozinho Xadalu nas ruas de Porto Alegre. Hoje, o personagem é visto em dezenas de cidades do mundo graças à rede estabelecida com outros artistas visuais urbanos praticantes da sticker art que trocam seus adesivos pelo correio.

As questões indígenas acompanham seu trabalho desde o início. Com o envolvimento, realiza temporadas de residência artística em aldeias do sul do Brasil e da Argentina.

Em reconhecimento à defesa da causa indígena aliada a questões socioculturais, foi um dos agraciados pelo Prêmio Humanidades do Instituto Brasileiro da Pessoa 2014. Entre outras diversas distinções, foi eleito em 2012 Melhor Artista na Expo Colex, mostra internacional de sticker art realizada em Santos (SP), e duas vezes indicado ao Prêmio Açorianos de Artes Plásticas da prefeitura de Porto Alegre (2015 e 2016).

Realiza palestras, cursos e oficinas sobre serigrafia e arte urbana, com destaque para o Curso de Extensão em Serigrafia da Universidade de Caxias do Sul (UCS), que ministra desde 2016.