Evento com patrocínio da Oi e financiamento Pró-Cultura RS Governo do Estado do Rio Grande do Sul contará com programação online e atividades presenciais em Porto Alegre

A 7a edição do Festival Kino Beat, que ocorre de 14 a 30 de novembro em formato híbrido, apresenta o tema “Histórias de Outros Reinos” como a tônica curatorial deste ano. Serão mais de 30 atividades, entre oficinas, falas, curso, congresso, Cine Jardim, performances, instalações e exposição, que contam com 21 artistas e 14 pesquisadores, pensadores e ativistas. Com exibição de obras online, em cinco pontos de Porto Alegre e ações em Alvorada. Em formato híbrido, o evento promoverá parte de sua programação presencialmente, parte através de seus canais digitais, e conta com patrocínio Oi e financiamento do Pró-Cultura RS, Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Em 2021 o evento conta com um tema que permeia sua construção de programação. O projeto curatorial do 7˚ Festival Kino Beat germina de uma história-semente — um conto de 1974 de Ursula K. Le Guin, “A Autora das Sementes de Acácia e Outras Passagens da Revista da Associação de Therolinguística”. Por meio da ficção, a escritora nos apresenta uma nova e revolucionária ciência que estuda a linguagem e a poética dos animais: a Therolinguística. O conteúdo foi transformado em podcast e já pode ser conferido aqui https://www.youtube.com/watch?v=Not6Uv-fZsA

“Nosso festival também pretende ser semente, para que artistas e públicos possam plantar e criar suas próprias histórias”, afirma o curador e diretor do Kino Beat, Gabriel Cevallos, que desenvolveu o processo curatorial com apoio de um grupo de trabalho formado por  Adauany Zimovski, Camila Proto, Fernando Silva e Silva, Luísa Muccillo, Léo Tietboehl, que durante dois meses desenvolveu conceitos e discussões em torno do projeto. Neste conto, em algum momento no início do século XX, cientistas conseguiram identificar a arte, e traduzir os sons, movimentos, brincadeiras e outras trocas comunicacionais dos animais em linguagem humana. Apesar de Le Guin escrever em sua história que o possível aprimoramento desta ciência seria em direção a compreensão da linguagem e poética dos reinos vegetal e mineral, nas cinco páginas da obra, apenas alguns mistérios do reino animal eram de conhecimento dos therolinguistas.  

“É a partir desse ponto que jogamos algumas sementes para seguir a fabulação: propomos uma Associação de Therolinguística no século XXI, em relação simétrica e de respeito com conhecimentos ancestrais — condição que permite à ciência avançar e desvendar mais algumas histórias de outros reinos. Como Ursula e outras autoras nos ensinam: importa quais histórias contamos para contar histórias; importa quais histórias fazem mundos, quais mundos fazem histórias”, revela. 

Assim, criou-se um espaço para que essas vozes ecoem através de uma multiplicidade de linguagens artísticas e atividades educativas, lançando alguns diálogos sobre as turbulências desta época de rápida transição ambiental. Histórias de Outros Reinos surge como um título que pode nomear ao mesmo tempo a breve continuação e materialização que ousamos dar ao conto de Ursula e as muitas histórias e trabalhos inéditos criados em conjunto e através de algum reino.  

Na liberdade da criação, o próprio formato do Kino Beat se assume como uma história inventada: um festival proposto por uma associação ficcional, que reúne trabalhos de artistas, cientistas associados, ativistas, pensadores e entusiastas dispostos a fabular coletivamente outras histórias para este mundo.

Atividades online iniciam em 03 de novembro

Apesar da programação oficial estar marcada para 14 de novembro, algumas ações online já serão promovidas a partir de quarta, 03 de novembro, em formato online, como uma fala de apresentação da Associação de Therolinguística pelo grupo criador do argumento do festival, o lançamento da obra Tecnohorta, de Guilherme Leon, uma newsletter-obra que será enviada diariamente no período do festival para o público que se cadastrar para participar, e a fala de apresentação do Grupo de Pesquisa e Ecologia das Práticas (GPEP), um coletivo formado em 2016 e que discute, no contexto da Associação de Pesquisas e Práticas em Humanidades (APPH), as diferentes vertentes teórico-práticas do que chamamos de “pensamento ecológico”. 

O grupo promoverá ao longo da programação atividades informativas e educativas que trabalham, conceitual e politicamente, um conjunto de temáticas e fabulações que constituem a proposta do 7º Festival Kino Beat e as Histórias de Outros Reinos. São oito conversas e oficinas ministradas por convidados especiais cujos ouvidos se voltam para uma composição de ecos de naturezas distintas, que se produzem e ressoam entre mundos. Na véspera da abertura oficial, inicia a oficina de padaria A fermentação das massas, ministrada por Claudia Zanatta. 

Festival promove primeira atividade presencial na abertura no domingo, 14 de novembro

Os jardins do Museu Joaquim Felizardo recebem um evento ao ar livre com projeção e pré-estreia das 18 obras audiovisuais de 12 artistas convidados. As obras serão lançadas ao longo do festival pelo site do projeto, através do canal de youtube, ficando disponíveis para acesso por tempo indeterminado.  Um dos vídeos projetados será acompanhado de trilha ao vivo pelo guitarrista e produtor Carlos Ferreira, fazendo improvisações sobre as imagens. A artista Carina Levitan apresentará em forma de performance o seu filme sonoro. E o artista Marcelo Armani também apresentará em forma de performance sonora as gravações de campo que dão vida às duas peças sonoras criadas para o festival. E o conto que inspirou a criação do festival, abrirá o evento com sua versão em áudio. O acesso é gratuito, com limitação de 300 pessoas e apresentação de carteira de vacinação. 

Festival conta com mostra em parceria com a Embaixada Francesa no Brasil, Aliança Francesa Brasil, Centre Pompidou e Instituto Francês Paris.

A Mostra “A Ecologia das Imagens”, produzida pelo festival francês Hors Pistes ocorre em parceria com a Embaixada Francesa no Brasil, Aliança Francesa Brasil, Centre Pompidou e Instituto Francês Paris. A mostra conta com uma seleção de dois vídeos e uma vídeo-instalação que integram o programa do Cine Jardim e uma vídeo-instalação que estará em cartaz gratuitamente de 25 a 28 de novembro na Galeria ISTA. 

Denilson Baniwa INÍPO: Caminho de Transformação, ocorre em quatro espaços a partir de 27 de novembro

O artista indígena Denilson Baniwa, de Barcelos, no interior do Amazonas, ganha sua primeira exposição individual na cidade com uma exposição-percurso em correalização com o Goethe-Institut Porto Alegre, que contará com exibição fragmentada em três locais físicos e um virtual: Goethe-Institut Porto Alegre, MARGS, Casa de Cultura Mário Quintana e Instagram do festival. A mostra traz a público trabalhos inéditos e recentes, criados entre 2020 e 2021. Com pintura mural, gravuras digitais, vídeo, lambe-lambe, e um filtro digital interativo. 

O percurso sugerido da exposição começa no Goethe-Institut Porto Alegre, com a pintura Muyeréusáwa Rúka no muro de entrada da instituição. O trabalho criado especialmente para o projeto ilustra em mais de 11 metros de superfície os petróglifos, gravuras rupestres que narram fatos e mitos do povo indígena Baniwa; e as Casas de Transformação, locais sagrados de onde surgem os conhecimentos ancestrais. Pintado com cores fluorescentes sob base escura, o muro terá iluminação noturna com luz ultravioleta (luz negra), criando um efeito visual que remete ao encantamento dos seres da floresta.  A instalação também dá continuidade ao projeto de ocupação artística do muro do Instituto realizado desde 2018.

Nas Salas Negras do MARGS, será apresentada a série de gravuras digitais Aquela gente que se transforma em bicho, com três gravuras feitas para exposição, em um total de oito, todas medindo 120×84. Os trabalhos retratam alguns dos seres duplos (espírito bicho-gente), que na teoria do perspectivismo ameríndio, indica que “tudo o que existe no cosmos pode ser sujeito, mas todos não podem ser sujeitos ao mesmo tempo, o que implica uma disputa.” Na outra Sala, serão exibidos os vídeos Ty Ty – memórias de beija-flor (3min26s) e Floresta- Casa derrubada (A última maloca do fim do mundo) (2min41s). Os vídeos abordam questões de indígenas em contexto urbano, as memórias da floresta, a constante luta por territórios, e as violências da colonização.  

Seguindo o percurso rua abaixo, no 5 ̊ andar da Casa de Cultura Mário Quintana, o Jardim Lutzenberger recebe o lambe-lambe de grande dimensão Repovoamento de uma cidade Floresta, colada na fachada da Casa e nas paredes que circundam o jardim suspenso, a figura de um pajé soprando seu cigarro-sagrado diversas espécies de animais, representa os saberes e poderes da comunicação transcendental do “diplomata do cosmos”. As colagens dos animais se misturam com as muitas espécies de plantas do jardim.   

O filtro digital interativo Yawareté, desenvolvido especialmente para exposição, pode ser acessado de qualquer lugar, antes, durante ou depois do percurso, através de um telefone celular com acesso ao aplicativo Instagram. O filtro brinca com a ideia da transformação do humano em bicho e do bicho em humano. A figura da onça, marca registrada do trabalho de Denilson, surge como uma máscara junto com os animais encantados, os mesmos pintados no mural do Goethe-Institut Porto Alegre. Para testar o filtro, acesse o perfil do Kino Beat no Instagram: @kinobeatfestival na sessão destaque.  

No MARGS e na Casa de Cultura, a mostra segue até 09 de janeiro, já a pintura do muro do Goethe-Institut poderá ser conferida até 28 de fevereiro de 2022

Congresso Therolinguista ocorre a partir de 18 de novembro online

Com organização de A(na)rqueologias das Mídias – Grupo de Pesquisa em Semiótica e Culturas da Comunicação (GPESC), o Congresso Therolinguista ocorrerá nos dias 18, 19, 24 e 25 de novembro, às 19h, pelo YouTube do festival. Serão quatro mesas propondo um  espaço de reflexões e propostas para uma retomada de comunicação entre seres humanos e não-humanos, que contará com Taís Severo, Lennon Macedo, Mario Arruda, Tuane Eggers, André Araujo , Camila Proto , Cassio Borba Lucas, Bya, Giovana Colling, Marcelo B. Conter e Lígia Lazevi, Luis Felipe Abreu, Demétrio Pereira e Guilherme Luz, João Flores da Cunha e Sandra Suzani Pedroni. 
Todas as atividades são gratuitas. Nos espaços fechados, é necessário o cumprimento das orientações sanitárias vigentes no período, como uso de máscaras e apresentação de passaporte vacinal. Patrocínio: Oi, apoio Oi Futuro e LABSONICA. Financiamento: PRÓ-CULTURA – Governo do Estado do Rio Grande do Sul Secretaria da Cultura do RS Para mais informações, acesse www.kinobeat.com