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Inaugura no dia 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans, a exposição Trans[ver], do fotógrafo Fábio Rebelo. Com 19 imagens, o projeto retrata pessoas que passaram pelo processo de externalização da sua identidade, exercendo sua liberdade através da modificação do corpo, das roupas e da postura, revelando outras formas de ser.

De acordo com Rebelo, “Trans[ver] mostra a alegria, autenticidade e a beleza de cada personalidade retratada, utilizando a imagem como um instrumento de transformação social contra um mundo de exclusões.” Ao longo de sete meses, a equipe teve a oportunidade de conviver com diferentes realidades, conhecendo histórias de luta, incompreensão e exclusão, mas também de aceitação e tolerância.

Segundo a advogada especializada em Direito Homoafetivo, Direito das Famílias e Sucessões, Presidenta da Comissão Especial da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB, Vice-Presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Familia – IBDFAM, Maria Berenice Dias, o preconceito leva não só à exclusão social, mas também jurídica: “Travestis e transexuais, apesar de já terem acesso à redesignação, não dispõem de uma lei que autorize a mudança do nome e da identidade de gênero. Daí a necessidade de buscar a justiça, não sempre encontrando juízes com sensibilidade e coragem de deferir a alteração por falta de respaldo legal”, revela.

“Dos segmentos da população LGBT, travestis e transexuais são as maiores vitimas pela visibilidade de sua identidade de gênero. Em face disso são as pessoas mais discriminadas no ambiente doméstico, o que leva a serem expulsas de casa muito cedo. Sofrem a mesma rejeição fora do lar, o que gera prematura evasão escolar. Tudo isso contribui para o baixo índice de escolaridade que as coloca à margem do mercado de trabalho. Daí o significado desta bela iniciativa, que merece pleno apoio. Uma maneira sensível e bela de dar voz e vez a quem todos viram o rosto e a sociedade insiste em não ver.”

Para Saulo F. Macalós, Advogado da causa Homoafetiva, Membro do Observatório Contra Homofobia da AJURIS, Membro da Comissão da Diversidade Sexual da OAB/RS, Diretor Chefe da FUNDACENTRO e Produtor Executivo da exposição, Trans[ver] é mais que um trabalho artístico, mas um resgate da auto-estima das Travestis e Transexuais: “O tema é de grande relevância no cenário nacional e o momento é de conquista de Direitos, e principalmente conquista de igualdade.”

Macalós é um dos muitos nomes envolvidos na construção do Estatuto da Diversidade Sexual, o maior arcabouço jurídico já escrito sobre os direitos da comunidade LGBTT’S. O texto foi escrito em 2011 e será apresentado ao Legislativo por iniciativa popular, tendo que reunir mais de um milhão e quatrocentas mil assinaturas no Brasil. “Hoje já temos mais de 200 mil assinaturas, o que já é um número significativo para sensibilizar o legislador de que a sociedade quer mudanças”, afirma. Dentre alguns itens, o Estatuto defende a garantia da troca de nome das travestis e transexuais, criminalização da homofobia, regulação da adequação sexual dos indivíduos transexuais, direito ao casamento e carícias públicas como qualquer casal heteroafetivo, assim como garantias do Direito Trabalhista, como a mudança da nomenclatura da Licença Maternidade para Licença Natalidade, onde casais do mesmo sexo que adotam uma criança possam ter 180 dias de licença para a chegada de seu filho.

Para Marcelly Malta, Coordenadora da Igualdade RS, Presidenta do Conselho Municipal de Direitos Humanos de Porto Alegre e Vice-Coordenadora do Comitê Estadual Contra a Tortura, o projeto apresenta uma possibilidade de transformação do imaginário da população: “O caráter visual desse projeto é de fundamental importância para dar visibilidade ao corpo travesti enquanto representatividade identitária. É importante desmistificar, desestabilizar e ressignificar a figura da travesti em nossa sociedade. Grande parte do preconceito se apoia na imagem limitada e estereotipada que habita o imaginário coletivo do que é ser uma travesti. Esse ensaio fotográfico permite que a população entre em contato com uma realidade mais abrangente do que seja a existência travesti o que, dessa forma, pode contribuir com a diminuição do preconceito que incide sobre esse público”.

O projeto tem apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD Brasil e Realização da AJURIS. Os registros foram produzidos durante 2013, com apoio da Igualdade RS e Observatório Contra Homofobia da AJURIS.

O Salão do Paul, de Paulo Azevedo Araújo, é o responsável pelos cabelos, maquiagem de Deborah VonPeters, Déby Marques e Juliane Senna. Vander Corrêa assina a produção de moda.

A mostra fica em cartaz na Pinacoteca da AJURIS até 14 de março, de segunda a sexta-feira, com entrada franca. Em janeiro, a Pinacoteca funciona das 09h às 19h, e em fevereiro e março, das 09h às 21h.

Saiba mais

Fábio Rebelo

Fotógrafo baseado em Porto Alegre, RS. Começou a fotografar em 1983. Suas fotografias apareceram em publicações como Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, Zero Hora, Veja, IstoÉ, Rolling Stone (Brasil), Guitar Player (Brasil), Photo (França) e Photo Magazine (Brasil). Além de projetos autorais, faz trabalhos publicitários e atua como fotógrafo de cena, tendo participado de inúmeras produções para cinema e televisão.

Exposições:

Clicks Cubanos – 2011

Shiga e Rio Grande do Sul: a irmandade de dois povos (coletiva) – 2010

Praça Shiga – 2008

Venice Portraits – 2008

Cenas de Porto Alegre – 2007

Luz e Alma (coletiva) – 1995

 

Igualdade RS

Fundada em 25 de maio de 1999, estruturada com trabalho de voluntários/ativistas, pessoas que vivem a realidade de ser travesti e transexual, a Igualdade vem realizando ao longo de seus catorze  anos de existência grupos sistemáticos semanais  e intervenções nos locais de prostituição, divulgando seu trabalho e buscado a melhoria das condições de vida e saúde, o respeito e a efetivação dos direitos humanos para as travestis. A associação conta com apoio  de outros profissionais das áreas jurídica, administrativa e psicológica. A Igualdade cresceu tornando-se referência entre sua população  de travestis e transexuais  em Porto Alegre e no  Estado do RS.

PNUD

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é a rede de desenvolvimento global da Organização das Nações Unidas. O PNUD faz parcerias com pessoas em todas as instâncias da sociedade para ajudar na construção de nações que possam resistir a crises, sustentando e conduzindo um crescimento capaz de melhorar a qualidade de vida para todos. Presente em 177 países e territórios, o PNUD oferece uma perspectiva global aliada à visão local do desenvolvimento humano para contribuir com o empoderamento de vidas e com a construção de nações mais fortes e resilientes.

Observatório Contra a Homofobia da AJURIS

Criado em 2012, o Observatório Contra Homofobia é uma iniciativa da AJURIS em defesa da diversidade sexual. O Observatório é um movimento aberto de luta contra a discriminação pela orientação sexual e em razão da identidade do gênero. O grupo fiscaliza a implementação de políticas públicas pelo Estado, além de colaborar com elas pelo fim da descriminação. Reunindo entidades governamentais e da sociedade civil, seu objetivo é o de acompanhar a apuração de práticas delitivas e ações discriminatórias envolvendo o grupo LGBT. Além disso, fiscaliza e fomenta as ações do Comitê Estadual de Enfrentamento à Homofobia, que será criado pelo Governo do Estado.

Trans[ver]

Abertura dia 29 de janeiro, às 19h30

Pinacoteca da AJURIS – Rua Celeste Lobato, 229 – Praia de Belas

De Segunda a Sexta-Feira, com entrada franca

Em janeiro, das 09h às 19h, em fevereiro e março, das 09h às 21h.

Até 14 de março